Odontologia domiciliar: como funciona, vantagens e desvantagens

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Odontologia domiciliar: como funciona, vantagens e desvantagens

Imagine que você tenha sofrido algum tipo de acidente e quebrado uma perna. E, enquanto está em casa se recuperando, é acometido por uma dor de dente terrível, que faz a gente ver estrelas.

Talvez quem passe por isso more longe do dentista. Talvez essa pessoa sequer tenha carro para que possa se locomover até lá com o mínimo de conforto e segurança.

Já pensou como seria útil contar com a odontologia domiciliar em casos assim?

Como o próprio nome sugere, a odontologia domiciliar consiste no dentista atender pacientes privados de mobilidade, no conforto de suas casas.

A odontologia domiciliar pode beneficiar vários perfis de pacientes, como os do exemplo citado, idosos e deficientes físicos.

Infelizmente, ainda existem poucos dentistas capacitados e com estrutura para o atendimento domiciliar, pois ele precisa assumir grandes responsabilidades, trabalhando de forma adaptada.

Vamos entender mais sobre atendimento domiciliar?

Siga a leitura.

Como surgiu a odontologia domiciliar?

Vamos começar com um pouco de história.

A odontologia domiciliar surgiu nos Estados Unidos há muitas décadas, no pós-guerra. Porém, de uma forma muito rudimentar e diferente do que podemos ver hoje: neste início, os familiares cuidavam, da forma que podiam, dos entes que necessitassem de tratamento odontológico. 

Foi só mais tarde que esse trabalho passou a ser feito por profissionais.

No Brasil, ele chegou mais tarde: começou há cerca de duas décadas e se tornou mais usado devido ao envelhecimento da população brasileira. 

A expectativa é que o home care odontológico se torne cada vez mais popular.

De acordo o IBGE, até 2050, o número de idosos vai triplicar no país, atingindo a marca de 66,5 milhões de pessoas.

Ou seja, 29% da população do país será composta por pessoas com mais de 60 anos.

A odontologia domiciliar é indicada para quais situações?

Muitos perfis de pessoas podem se beneficiar no home care odontológico. Dentre elas, é relevante citar:

Idosos

Segundo o Estatuto da Pessoa Idosa, descrito na Lei 10.741, o atendimento domiciliar é um direito garantido ao idoso. Assim, pessoas idosas com alguma limitação, têm direito e devem contar com o atendimento de odontologia domiciliar especializado.

De acordo com o artigo “Atendimento odontológico domiciliar aos idosos: uma necessidade na prática multidisciplinar em saúde", o atendimento domiciliar traz ações preventivas e de mínima intervenção que visam promover a saúde bucal e orientar familiares e cuidadores.

O artigo também enfatiza que existe uma grande necessidade da atividade odontológica em domicílio, executada de maneira capacitada para contribuir na humanização do atendimento e promoção do bem-estar e qualidade de vida dos idosos.  

Pacientes sem mobilidade

Dentro desta esfera de pacientes sem mobilidade, podemos englobar idosos dependentes ou parcialmente dependentes, pessoas com doenças degenerativas e com obesidade mórbida, por exemplo.

São pessoas que dependem da ajuda de alguém para exercer suas atividades diárias, como vestir-se e tomar banho.

Esse grupo também pode se beneficiar da odontologia domiciliar, que possibilita que eles cuidem da saúde bucal sem precisar sair de casa - o que seria um grande desafio.

Pessoas com deficiência

A legislação também ampara as pessoas portadoras de deficiência e, de acordo com a Lei 7.853, portadores de algum tipo de deficiência têm direito garantido de atendimento domiciliar.

Desse grupo fazem parte pessoas com patologias prolongadas ou permanentes, sem cura e que prejudicam a saúde, como alienação mental, cegueira e paralisia irreversível, por exemplo.

Pacientes com transtornos psicológicos

Pessoas que sofrem de transtornos psicológicos graves, como fobias, síndrome do pânico ou ansiedade, também podem se beneficiar do atendimento domiciliar. O home care odontológico pode ser a melhor alternativa para quem fica psicologicamente impedido de ir até o dentista para cuidar da sua saúde bucal.

Como o profissional pode aprender e se profissionalizar para a odontologia domiciliar?

Para fazer atendimento odontológico domiciliar, não basta ser dentista, é necessária uma capacitação específica para este fim.

Existem vários cursos e especializações preparados para capacitar estudantes e profissionais para o home care. Nesse tipo de preparação, o profissional aprende, entre outras técnicas, a:                           

  • Fazer análise de mercado;

  • Entender sobre o investimento inicial;

  • Entender como iniciar na atividade;

  • Conhecer os equipamentos necessários;

  • Conhecer as características do negócio;

  • Fazer um planejamento eficiente de rotina;

  • Preparar o ambiente para o atendimento;

  • Técnicas de manejo com pacientes acamados;

  • Estratégias para minimizar desistências e remarcações;

  • Gerenciar a relação entre dentista e família;

  • Tornar o negócio mais rentável;

  • Formação de preços.

Vantagens e desvantagens para o profissional de odontologia

Para diversos perfis de paciente, é inegável que a odontologia domiciliar traz uma série de benefícios. Mas e para o profissional de odontologia, quais são os prós e os contras de atender nessa modalidade?

Vamos entender as vantagem e as desvantagens do home care odontológico do ponto de vista do profissional:

Vantagens:

  • O dentista pode - e deve - cobrar mais pelas consultas. Além de ter custos como deslocamento, ele também está oferecendo uma comodidade de alto valor para o paciente, que deve se refletir no preço da consulta;

  • O consultório passa a ser a casa do paciente, por isso, o dentista não precisa de uma estrutura física própria preparada para atender pacientes. Assim, é possível diminuir custos como aluguel, condomínio, luz e água;

Desvantagens:

  • Como o atendimento em consultório é mais popular, é mais difícil encontrar equipamentos adequados para o atendimento domiciliar. Isso pode elevar o custo desses equipamentos adaptados;

  • É o dentista que precisa enfrentar os problemas que vai poupar o paciente, como trânsito e tempo de deslocamento;

Atendimento odontológico domiciliar de qualidade

Se você fizer um atendimento domiciliar, você será, automaticamente, diferenciado, prestando um serviço ainda pouco difundido e muito útil.

Mas se você quiser realmente ter sucesso, ser reconhecido como referência do home care odontológico e crescer profissionalmente, precisa prestar esse serviço com a melhor qualidade possível.

Veja essas quatro dicas essenciais para prestar um atendimento de alto nível:

1. Planejamento 

Planejamento é essencial e a base para um atendimento domiciliar de qualidade. Antes de qualquer consulta, mapeie quais procedimentos serão feitos e quais ferramentas são necessárias para a execução.

Faça uma lista de todos os instrumentos e ferramentas que vai usar. Antes de sair para o atendimento, verifique se todos os equipamentos estão na sua maleta, organizados.

Verifique, sempre, se os equipamentos estão funcionando corretamente, evitando imprevistos durante o procedimento.

Mantenha contato com a pessoa responsável pelo paciente. Assim, você pode marcar e confirmar consultas, passar as recomendações sobre o pós-atendimento e verificar se o paciente está bem.

2. Biossegurança

A biossegurança é extremamente importante na hora de realizar os procedimentos na casa do paciente. Todos os materiais que serão utilizados nas consultas devem ser esterilizados antes de se deslocar para o local do atendimento.

Ou seja, o dentista que atende, exclusivamente, em home care, precisa ter um consultório com estrutura mínima para armazenar e esterilizar materiais e fazer todos os procedimentos necessários antes e depois da consulta.

Ao chegar na casa do paciente, desinfete o espaço onde acontecerá o procedimento. Pense em todos os equipamentos que você precisa para realizar o atendimento, como mesa de apoio para os materiais esterilizados, jaleco e avental para o paciente.

3. Lixo contaminado

Quando o dentista atende no seu consultório, é normal que tenha um local adequado para o descarte dos materiais utilizados nas consultas, pois lixo odontológico pode ser infectante. 

O mesmo cuidado deve ser tomado quando se atende a domicílio. O descarte correto do lixo deve ser sempre feito da forma correta e atendendo a todos os padrões e normas de higiene e segurança.

Nas consultas domiciliares, leve um saco plástico branco leitoso para o lixo sólido, com marcadores de lixo infectante, específico para essa finalidade. O saco plástico que contém os resíduos do atendimento deve ser levado até ao consultório e descartado em local próprio para a coleta.

Materiais que podem perfurar ou cortar, como agulhas, lâminas e limas, devem ser descartados no recipiente adequado, com aviso de “infectante” e “material perfurocortante”.

Os fluidos gerados durante a consulta devem receber solução de hipoclorito e descartados na rede de esgoto.

4. Prontuário e anamnese

A anamnese e a ficha de atendimento domiciliar tem especificidades de acordo com o contexto do atendimento, constando que o paciente é uma pessoa com necessidades especiais.

Além das informações padrão e rotineiras para conter uma anamnese, faça anotações sobre o grau de dependência e autonomia do paciente, para que você saiba que tipo de tratamento pode ser proposto e traçar um plano de ação.

Conclusão

Ainda que o mais conhecido e mais difundido seja o atendimento tradicional no consultório do dentista, o atendimento em casa tem grandes vantagens.

Para o paciente que tem limitações que o impedem de sair de casa, receber cuidados bucais em casa vai fazer toda a diferença.

Para os dentistas, a grande vantagem é atender esse nicho ainda pouco explorado, carente de profissionais e com potencial de enorme crescimento. Se você está procurando uma área para se destacar, o home care odontológico pode ser a resposta.

Só o fato de você fazer o atendimento a domicílio já vai diferenciá-lo no mercado. Agora, se você tiver a perspicácia de prestar um atendimento encantador, de alta qualidade e que satisfaça os pacientes e suas famílias, prepare-se para se tornar referência.